domingo, 23 de fevereiro de 2025

Isso é Brasil …



 


Era uma vez um gloss labial. Sim, amiguinhos, um simples gloss. Não uma granada, um fuzil ou um caminhão de dinheiro desviado. Apenas um inocente cosmético que, aplicado com destreza numa escultura de granito, revelou-se a arma mais letal da democracia moderna. Foi assim que uma manifestante, empunhando sua arma química de brilho labial, subverteu a ordem, ameaçou a república e acabou condenada a impressionantes 17 anos de prisão.   

  

Sim, 17 anos. Mais do que a pena de muitos homicidas, corruptos, traficantes, estelionatários e, claro, mais do que certos ex-governantes que surrupiaram cofres públicos e agora desfilam serelepes pelas ruas, aproveitando o sol e a vida. Afinal, roubar o Estado pode ser um deslize compreensível, mas desferir um ataque com brilho labial em uma estátua? Isso, meus amigos, é imperdoável!   

  

A ironia atinge patamares olimpianos quando lembramos que a frase gravada na estátua — "Perdeu, mané" — não saiu da mente brilhante da manifestante. Foi dita, com toda pompa e circunstância, por um ministro da Suprema Corte. Agora, vejamos: quando a frase vem do ministro, é vista como um "sábio ensinamento". Quando uma cidadã a escreve com um produto removível com água e pano, transforma-se num crime hediondo. Haveria alguma tinta ilegal no gloss? Alguma composição subversiva, talvez um derivado proibido de batom comunista? Mistérios da jurisprudência.   

  

Enquanto isso, o elemento que ateou fogo na estátua de Borba Gato — ao lado de um posto de gasolina, detalhe importante para os amantes do caos — está livre, leve e solto, passeando por podcasts e distribuindo sua "sabedoria" revolucionária sem grandes preocupações. Se ele tivesse escrito "Perdeu, mané" em gloss antes de atear fogo, quem sabe sua pena não tivesse sido multiplicada por cinco? Talvez aí o crime fosse verdadeiramente imperdoável.   

  

E não podemos esquecer do seleto clube dos que "deram um jeitinho". José Dirceu, condenado a dezenas de anos por corrupção, está por aí, distribuindo sorrisos. Sérgio Cabral, que acumulava penas que somavam mais de 400 anos de cadeia, caminha feliz, como um centenário que rejuvenesceu miraculosamente. Traficantes condenados pela justiça saem pela porta da frente do presídio com aval de ministros que, pasmem senhores, participam até de documentários supostamente financiados por facções criminosas. Mas, claro, justiça foi feita: a moça do gloss está na cadeia. Respirem aliviados, senhores e senhoras! O Brasil está salvo do terrível perigo das frases escritas com maquiagem! 🤡

  

E assim seguimos, um país onde as escalas de gravidade dos crimes variam conforme o rótulo ideológico do acusado. Onde alguns podem tudo e outros não podem nada. E onde o brilho do gloss de uma manifestante ofusca os holofotes da hipocrisia nacional e cega os olhos da justiça seletiva.