E se, só por hoje, a gente não falasse de quem está preso? Hoje o foco é outro: os que estão em liberdade, mesmo carregando um histórico que, para muitos, justificaria ver o sol nascer quadrado. No Brasil, a justiça não segue apenas caminhos — ela abre atalhos panorâmicos.
Comecemos por José Genoino, condenado no Mensalão. Ele não precisou cumprir a pena até o fim; um único ato resolveu tudo. É quase um reset jurídico: alguém aperta um botão e, como mágica, a liberdade aparece.
Depois temos Delúbio Soares, contemplado com uma vantagem que ninguém consegue no Enem: a prescrição. O tempo correu, o processo não, e o relógio venceu o Estado.
José Dirceu também voltou para casa quando o STF decidiu que sua prisão preventiva “já não fazia sentido”. Quem sabe um dia prisão preventiva, tornozeleira eletrônica e prisão domiciliar façam sentido para todos, não é? Mas ali, naquele instante, definitivamente não.
João Paulo Cunha teve parte das acusações derrubadas por falta de provas. Na dúvida, absolve-se — uma regra que parece funcionar com mais entusiasmo para uns do que para outros.
E seguimos com os malabarismos jurídicos.
João Vaccari Neto, condenado na Lava Jato, viu suas sentenças caírem porque estavam ancoradas demais em delações e de menos em provas. Resultado: tudo anulado. As acusações evaporaram, levando junto todas as condenações.
Antônio Palocci recebeu um pacote completo: sentenças anuladas, delação confessada e uma lista respeitável de irregularidades processuais reconhecidas. No topo, é caos. No final, como sempre, liberdade.
E então chegamos a Luiz Inácio Lula da Silva.
Suas condenações foram anuladas porque o STF decidiu que Curitiba não era o palco adequado.
E porque o juiz responsável era… digamos… menos imparcial do que se espera de um magistrado. Conclusão: tudo zerado, como se a temporada inteira da Lava Jato tivesse sido cancelada.
Com bônus extra: o retorno à Presidência da República — também conhecida como “Brasuela”.
Indultos.
Prescrição.
Falta de provas.
Nulidades.
Parcialidade.
Incompetência do juízo.
Cada caso carrega seu charme técnico, sua justificativa jurídica, sua explicação própria.
Mas o desfecho, esse permanece o mesmo: Para alguns, a liberdade chega antes da justiça. Para outros… nunca chega.
