Em Moby Dick, o clássico de Herman Melville, o capitão Ehab personifica a obsessão destrutiva. Ferido pela baleia branca que devorou sua perna, Ehab transforma uma caçada em uma vingança insana, jurando destruir Moby Dick a qualquer custo. Essa fixação o consome. Ele perde sua alma, arrastando a tripulação do barco para o abismo, sacrificando amigos leais como Starbuck e o narrador Ishmael, em nome de uma ilusão de justiça pessoal. Seu horizonte se estreita para o ódio, culminando na destruição total do navio. Ehab não caça apenas a baleia. Ele batalha contra forças incontroláveis da natureza, simbolizando a luta entre a razão humana e a loucura irracional. Essa narrativa ecoa a equação perigosa da loucura aliada ao poder ilimitado, que ao longo da história gerou monstros capazes de devastar sociedades inteiras. Assim como Ehab, líderes obcecados transformam fixações pessoais em catástrofes coletivas.
Esses tiranos, como Ehab, perderam a alma ao perseguir baleias brancas simbólicas, ideologias ou inimigos fantasmas, arrastando nações para o caos enquanto a sociedade paga com sangue e liberdade. No Brasil contemporâneo, essa obsessão se manifesta na figura de Alexandre de Moraes, cuja perseguição ao ex-presidente Jair Bolsonaro e a conservadores evoca o drama de Ehab. Moraes, investido de poder quase ilimitado, mais do que extrapola limites institucionais e decide monocraticamente de ofício a vida de milhares de brasileiros inocentes, gerando reações internacionais como a condenação dos Estados Unidos.
Como Ehab, Moraes parece obcecado por uma baleia política, o bolsonarismo. Sacrifica princípios democráticos, como a liberdade de expressão, em nome de uma vingança pessoal alimentada por um poder sem freios. No fim, como em Mob Dick, só a coragem coletiva pode romper o ciclo.
A obsessão de Ehab terminou em naufrágio, que a do poder ilimitado no Brasil não leve o país ao mesmo abismo. A covardia de instituições complacentes e o silêncio dos cidadãos permitem que esses monstros modernos perpetuem divisões, violência e erosão democrática, enquanto o povo sofre com a pobreza e instabilidade. Que a sociedade composta por homens e mulheres corajosos e com princípios consiga, assim como nos casos da história recente, parar a loucura sem precedentes desse Ehab que navega no planalto central do Brasil.
Como disse Edmund Burke, a única coisa necessária para o triunfo do mal é que os homens bons não façam nada.