Belém afunda não só na lama das enchentes crônicas, mas em um caos estrutural que expõe as feridas abertas de uma cidade dividida entre o esplendor passageiro dos holofotes globais e a miséria cotidiana de sua população. Enquanto delegações internacionais chegam para debater a crise climática, os moradores das periferias lidam com alagamentos que transformam ruas em rios de esgoto a céu aberto.
A crise de moradia se agrava. Despejos forçados para embelezar a cidade para a COP 30 empurram famílias pobres para ainda mais precariedade, enquanto a falta de energia elétrica e de água potável afeta comunidades quilombolas e ribeirinhas — as mesmas que o discurso oficial diz defender.
Obras de contenção anunciadas às pressas para os 100 dias antes do evento mal arranham a superfície. De mais de 30 intervenções em mobilidade e saneamento, poucas chegam às periferias, onde o desenvolvimento sustentável soa como piada cruel.
Neste cenário de afogamento literal e figurado, Lula da Silva e Janja — o dissoluto e a deslumbrada — optam não pela solidariedade, mas por mais um mergulho no opulento. Chegados a Belém no início de novembro para agendas pré-COP 30, eles se instalaram no Iana 3, um iate de luxo disfarçado de barco-hotel regional, com suítes climatizadas, salões amplos e capacidade para abrigar uma comitiva inteira, como se fosse um resort flutuante.
Contratada pela Presidência da República, a embarcação custa cerca de 5.300 reais por diária só para o casal presidencial. Não é um barco qualquer: é uma extensão de luxo sobre as águas do rio Guamá, onde Janja — em vídeo que viralizou nas redes — dança ao som de forró em meio a coquetéis e ar-condicionado, alheia ao contraste com as veredas alagadas que o presidente supostamente veio salvar.
Esse iate não é novidade no repertório do casal; é apenas o capítulo local de uma saga global de extravagâncias pagas pelo erário público. Desde 2023, Lula e Janja acumulam uma conta salgada que ultrapassa 50 milhões só com despesas em hospedagem, logística e comitivas, sem contar os 4,58 bilhões totais em viagens oficiais do governo nos dois primeiros anos de mandato.
Janja sozinha soma dezenas de voos em classe executiva e gastos em diárias de hotéis cinco estrelas que chegam a 280 mil por viagem, enquanto o povo paraense luta por um teto seco. De Paris a Davos, de Roma a Pequim, o roteiro é o mesmo: jantares de gala, vinhos importados e deslocamentos em aviões da FAB, enquanto, em casa, cidades como Belém imploram por asfalto e luz. Os 2,12 bilhões projetados só para 2025 em viagens presidenciais revelam não diplomacia, mas dissolução e ostentação financiadas por impostos que mal chegam às periferias amazônicas.
Enquanto o povo belenense ergue barricadas contra a água e a indiferença, Lula e Janja brindam no convés com o horizonte da COP 30 como pano de fundo — um luxo que afunda ainda mais a credibilidade de quem prometia nunca deixar ninguém para trás. Mas, no fim das contas, quem fica para trás são eles mesmos, boiando em um mar de contradições que nem o mais caro dos iates pode navegar.
