Poucos nomes carregam tanto peso nos bastidores da América Latina quanto o de Hugo Armando Carvajal, o general conhecido como "El Pollo". Ex-chefe de inteligência militar da Venezuela, ele foi, durante anos, um dos homens mais poderosos do chavismo, o cérebro oculto por trás de operações de Estado, negócios escusos e estratégias de expansão ideológica financiadas com dinheiro público.
Carvajal conheceu o sistema por dentro. Serviu a Hugo Chávez, foi homem de confiança de Nicolás Maduro e controlou um império subterrâneo que unia o petróleo, o narcotráfico e a política como faces de uma mesma moeda. Seu nome aparece ligado ao Cartel de los Soles, uma estrutura criminosa dentro das Forças Armadas venezuelanas que movimentava cocaína e milhões de dólares sob o disfarce de nacionalismo bolivariano.
Por anos, ele foi o guardião dos segredos do regime. Até que o castelo começou a ruir. Rompido com Maduro, Carvajal fugiu, foi preso na Espanha e, após longa batalha judicial, acabou extraditado para os Estados Unidos. Lá, diante da Justiça americana, admitiu envolvimento em narcotráfico e terrorismo, numa confissão que abre caminho para acordos de delação, e, segundo a imprensa internacional, para uma avalanche de revelações que podem atravessar fronteiras.
E nesse ponto que o enredo se torna explosivo. Carvajal afirmou possuir documentos que comprovam um esquema internacional de financiamento político: dinheiro desviado da estatal PDVSA, o coração do petróleo venezuelano, teria sido usado para irrigar campanhas e partidos de esquerda em toda a América Latina.
E entre os nomes que ele cita, segundo jornais como The Objective e Infobae, estão Gustavo Petro na Colômbia, Cristina Kirchner na Argentina, Evo Morales na Bolívia, e Podemos na Espanha. Mas o nome que ecoa com mais força, o que faz tremer o cenário político continental, é Luiz Inácio Lula da Silva.
Carvajal descreve um sistema que usava a miséria do povo venezuelano como caixa ideológica. Enquanto o país afundava em fome e apagões, milhões de dólares seriam desviados da PDVSA para financiar aliados políticos, campanhas eleitorais e movimentos que orbitavam em torno do mesmo ideal bolivariano. Em outras palavras: o petróleo que deveria iluminar a Venezuela, teria servido para financiar uma rede internacional de poder vermelho.
A defesa de Lula nega. Diz que nunca houve prova, que todas as suas contas foram investigadas e nada ilegal foi encontrado. Mas o fato é que a delação de Carvajal existe, e o impacto dela ainda não foi totalmente revelado. Se o general apresentar as provas que promete, planilhas, transferências, datas, rotas, a história da política latino-americana pode mudar de eixo. E o Brasil pode descobrir que o fio do chavismo cruzou nossas fronteiras muito antes do que se imaginava.
O caso Carvajal é mais que um escândalo de bastidores: é o retrato de um projeto continental que tentou exportar não só ideologia, mas dependência política financiada com dinheiro sujo. E agora, o homem que arquitetou essa engrenagem decidiu falar. Não por idealismo, mas porque o silêncio se tornou mais caro do que a verdade.