A Previdência Social brasileira sempre foi um tema cercado por discussões intensas, reformas controversas e, infelizmente, escândalos de corrupção. Hoje, o sistema agoniza entre roubos, omissões e promessas de equilíbrio que parecem cada vez mais distantes. Começaram a ser pagos os valores que foram descontados ilegalmente dos aposentados. Um primeiro passo, mas que está longe de representar justiça. Isso é o mínimo da obrigação, diante do crime cometido contra quem já tanto contribuiu. Não se trata de ajuda, tampouco de um gesto nobre do governo — é uma obrigação moral de devolver o que foi roubado.
O que está faltando, de fato, é a concretização das prisões dos envolvidos e uma investigação sem restrições ou proteções, atingindo todos os responsáveis. A sensação de impunidade só agrava a descrença no sistema. A Previdência sobrevive entre roubos e reformas. Sempre foi um balaio sem fundo para a corrupção, e agora parece depender de aparelhos, internada na UTI do Estado brasileiro. A cada novo escândalo ou omissão, a situação se deteriora ainda mais.
Enquanto isso, uma nova reforma da Previdência começa a ser discutida. O objetivo declarado é garantir o equilíbrio financeiro do sistema, mirando a proteção social das novas gerações. Mas há um alerta grave: em breve pode não haver mais recursos suficientes para pagar aposentadorias e pensões. Esse é, sem dúvida, um dos maiores e mais urgentes desafios do Brasil. O país enfrenta o envelhecimento da população, a redução no número de contribuintes ativos e o avanço da informalidade no mercado de trabalho. As despesas do INSS crescem em um ritmo muito superior ao do crescimento econômico.
Não seria surpresa se, em breve, aprovassem uma reforma com idade mínima de 75 anos para aposentadoria, apenas para manter os pagamentos em dia. Parece absurdo? Talvez. Mas não é de se duvidar diante do cenário atual. Enquanto a corrupção segue desbragada e impune, o INSS continua contaminado. E os brasileiros seguem pagando essa conta.