O voto de cabresto nasceu com a participação popular e tornou-se uma ferramenta poderosa nas mãos dos coronéis durante os anos. Era usado para controlar o voto popular, por meio de abuso de autoridade, compra de votos ou utilização da máquina pública. As regiões controladas politicamente pelos coronéis eram conhecidas como currais eleitorais, sendo o povo coagido a votar nele ou no seu candidato.
Os coronéis eram conhecidos por ter um domínio atuante na vida do povo e por isso a maioria tinha alguma relação de dependência, obediência e favores. Tornando-se consequentemente moeda de troca em negociatas políticas, representadas, muitas vezes, por governadores. A prática de troca de votos por verbas e benefícios era bem conhecida, o coronel garantia os votos em seu “curral eleitoral” para eleger o governador, por exemplo. Uma delas ficou conhecida como “política do café com leite”.
A medida que o tempo avança e a expansão dos centros urbanos evolui, a influência do sistema oligárquico nas mãos dos coronéis perde influência e poder, mas é possível ainda identificar votos de cabresto não pela força, mas por vias, muitas vezes, psicológica. Em geral tais situações podem ser vistas em cidades de baixa renda, cujo povo depende muito do assistencialismo das prefeituras, tanto salários quanto outros benefícios, e o medo de perder um emprego, ou mesmo algum benefício, faz com que a população daquela localidade, acabe votando em certos grupos ou políticos que acabam se perpetuando no poder.
Os coronéis e sua influência podem ter diminuído e até chegado ao fim, porém o voto de cabresto assumiu outras formas mais estratégicas e até invisíveis. Vejamos algumas formas de cabrestos invisíveis para manter o povo amarrado à escravidão.
- Cultivar o analfabetismo;
- Geralmente o analfabetismo esta ligado a baixa renda.
- Cultivar a miséria;
- Sempre estará ligada à falta de uma educação de qualidade a longo prazo que possam trazer entre outros benefícios, uma maior renda financeira.
- Cultivar a ditadura do assistencialismo;
- Políticos gostam de analfabetos, pois em geral seus eleitores são doutrinados a receberem migalhas do governo, em vez de exercerem sua cidadania.
- Cultivar a ditadura da refeição;
- É mais fácil alimentar um número considerável de eleitores e contar com sua gratidão na hora do voto, do que fazer alguma coisa a longo prazo para ajuda-los a sair desse assistencialismo.
Inescrupulosos gostam de analfabetos, pois em tese não precisam se preocupar com nada, além daquele prato de comida dado no final do dia. Não que isso deixe de ser importante, ajudar os menos favorecidos é obrigação dos representantes e do Estado. No entanto, o papel principal do representante e do Estado não devem ser de assistencialistas, nem de provedores, precisa ser direcionado a políticas públicas capazes de lhes dar condições suficientes para não viver sob as amarras do Estado, para que enfim possa ter uma percepção maior sobre si mesmo, como cidadão, e porque é importante atuar na vida pública e política em prol da cidade como um todo.