Esses dias comentei: contra os fatos, somente os documentos. O inquérito policial é de uma profundidade misteriosa, um pântano inexplorado pela defesa, tanto pelo que contém, como pelo que irá conter. De natureza inquisitorial, não cabe ao réu provar isto ou aquilo, e sim auxiliar na investigação naquilo que lhe convém. Reconheço, Manuela teve a lisura e retidão de ir ao exterior por meses sem vitimizar-se, fez temporada na Europa resistindo à ferrenha ditadura com vinhos franceses e praias espanholas.
Mas a amizade, ou pacto - a investigação dirá - com criminosos custa caro, exige explicações, e o fato de seu silêncio só despertar após o hacker mencionar seu nome, seu silêncio, aqui, gritou contra ela.
Mas vamos à relação fatos vs documentos. Sua justificativa, formal, exibe motivações risíveis ao olho policial, agarrou-se no jogo sujo da politicagem, capaz de convencer somente os militantes fanatizados.
Na Polícia Federal precisa mais, muito mais, argumentos frívolos não rebatem fatos concretos, dados bancários e telefônicos. Ainda na casa dos trinta, sua carreira política se resume ao demagogo sorriso juvenil, cuja data de validade expirou há muito.
No meandro judicial, a empresária das camisetas não vai poder alegar "defendo-me como uma garota", não, ela sabe disso, estalou os dedos e já contava com dois advogados renomados a lhe custodiarem na PF, dois figurões tarimbados, cujos honorários partem dos seis dígitos, de acesso franqueado nos gabinetes do STF, onde para eles as portas se abrem e as cadeiras se oferecem. Ela caça votos como uma garota universitária, mas dispõe de uma defesa de Rainha do crime.
Curioso, ano passado, quando Lula foi preso e discursou no pátio do sindicato, ela estava lá, apoiando-o no palanque, agarrando as mãos de Boulos e do padre de passeata, recebendo elogios de que seria o futuro da esquerda no Brasil, e poucos meses depois,vejam aqui a curiosidade, já tem uma equipe de advogados trabalhando em seu favor, seguindo desde cedo o exemplo negativo do mestre septuagenário.
